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Primeira postagem: A retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, e um passo a derrocada do extremismo nas américas


Comemoro hoje a primeira postagem de um blog que deve se comprometer a defesa do Libertarianismo, vertente política que visa defender as liberdades economicas, de expressão, religiosas e políticas. E no meio desses valores, ausentes hoje nos extremos políticos, vemos um passo, mais que simbólico, no caminho de um mundo civilizatório.

A retomada de um diálogo mais profundo entre Cuba e EUA tem valor economico infimo e valor político e social grandes, e eu diria que significa mais uma derrota, não só do comunismo, mas também da extrema direita, principalmente a americana, que não deve engolir com facilidade uma quebra rápida dos embargos economicos que seu país mantem contra Cuba.

Os fatos não negam, o comunismo não funciona. Não deu certo em nenhum local em que foi implementado, e os motivos óbvios para o seu fracasso são bem conhecidos na história. O capitalismo, com todas as suas imperfeições, é o único modelo que ao mesmo tempo em que pode preservar os direitos democráticos, civis e da propriedade privada, ainda garante o desenvolvimento economico. E esse quadro é gritante quando comparamos economias como a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, não deixando margem para grandes discussões. No entanto o comunismo pode ser e é mais amplo do que esse modelo observado por olhos extremados de um movimento conservador que cresce no Brasil e demoniza tudo o que vem da esquerda como algo ruim e negativo, seja por razões de ideologia política ou razões de pseudos moralistas religiosos, ignoram o fato de que nem todo comunismo é baseado em um regime antidemocrático, e pecam pela generalização.

Mesmo assim, nunca é demais afirmar que todo extremismo e toda generalização é burra, tanto para o governo como para a oposição, seja dos EUA ou do Brasil, em relação sobre a discussão entre direita e esquerda. 

A retomada das relações entre os dois países deve trazer exatamente aquilo que se esperava de Cuba em relação à passos para a redemocratização do país e da garantia do respeito aos direitos humanos depois de 52 anos de um embargo americano que se mostrou ineficaz em persuadir o governo cubano e só deu maior enfase ao discurso anticapitalista e antiamericano na ilha e em outros países sulamericanos vermelhos. Assim se espera que a abertura do governo Castrista leve à discussões mais profundas sobre os direitos civis e de liberdade de expressão da população cubana, que também foi a principal vítima da disputa política entre Cuba e EUA após a queda da União Soviética.

O governo Barack Obama fez certo, a melhor maneira de combater o extremismo não é adotando políticas que afundem ainda mais uma população inteira em um regime autoritário, mas sim, adotando medidas que reforcem o diálogo e as trocas políticas, econômicas e sociais como forma de remodelar e influenciar. Não estou com isso afirmando que os americanos devem ser responsabilizados pela situação em que se encontra Cuba, longe disso, os responsáveis são inteiramente as autoridades cubanas, só constatando que as antigas posições não iriam contribuir para amenizar o problema. Da mesma forma a retomada das relações não é de forma alguma uma aprovação ou um gesto de afago ao modelo de governo cubano, mas sim um golpe final sobre um sistema que há anos já agoniza.

Hoje a regra geral da oposição aqui no Brasil tem seguido o sentido oposto ao exemplo deixado por esse marco histórico aqui abordado. Nós que vivemos em um regime democrático de direito devemos zelar por ele, respeitando as diferentes expressões ideológicas de fazer política. Seja comunista ou neoliberalista, de esquerda ou de direita, o que devemos demonizar é o discurso antidemocratico, e que persiga a liberdade de expressão, direitos civis ou banalize qualquer ideologia política pautada na democracia. E sim temos partidos comunistas no Brasil, mas só uma visão extremada, pode concluir que por isso esse partido não possa atuar em um viés democrático.

O outro lado da moeda que seria injusto se não fosse posto na balança no Brasil é o fator corrupção, que corroeu a moral não apenas dos envolvidos nos escandalos bilionários da Petrobras, dos benificiados pelos desvios milionários do mensalão, e dos envolvidos em outros escandalos, mas também corroeu, com razão, a moral do governo, o que deu mais artilharia para que se condenasse a fogueira todo petista ou todo aquele que adote um posicionamento político mais à esquerda, a ponto do retorno de visões extremadas de defesa à um regime autoritário, como foi o regime militar, que embora também compartilhasse da estratégia de demonização da esquerda, nem um regime de direita foi em sua visão econômica.

A ideia aqui não é tentar fazer uma defesa ao PT nem a esquerda ou ao comunismo, mas simplismente afirmar que a generalização e a demonização que se faz à essa visão política pela direita mais extremada é um dos fatores responsáveis pela demora da retomada do diálogo entre Cuba e EUA, e da própria redemocratização de Cuba, sem correr ao risco de fazer uma inversão de valores. Poderia ir mais longe e afirmar que o movimento conservador extremado tem também atrazado de forma negativa o diálogo de propostas em terras tupiniquins e americanas, tudo pela falta de um equilibrio político que eu chamaria de bom senso.

Da mesma forma a derrota das teorias de esquerda mais extremadas contra o capitalismo, o capital financeiro e o livre mercado se resumem na própria vitoria do capitalismo como modelo economico, e mais particularmente no contexto brasileiro no retorno do governo Dilma à ortodoxia economica após o descalabro fiscal gerado por suas políticas expansionistas e intervencionistas.

No final bons exemplos sempre devem gerar bons impactos, e vamos ter a certeza disso quando esses impactos positivos ocorrerem.

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