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Coronavírus: As crises e seu potencial renovador



Estudos apontam que por volta de 100 mil anos atrás nossa espécie, o Homo Sapiens, esteve à beira da extinção. Segundo cientistas é possível que, por conta de desastres naturais, doenças e conflitos, a população humana tenha chegado à meros 2.000 indivíduos. Hoje somos a espécie dominante no planeta, e a trancos e barrancos chegamos ao número de 7 bilhões de indivíduos, espalhados em praticamente todos continentes da Terra.

Analisando a nossa história de forma objetiva podemos concluir que as diversas crises que atingiram a humanidade nos trouxe ao fim mais efeitos benéficos do que ruins para quem estivesse disposto a se preparar e não repetir erros do passado. Foi assim por exemplo: com as duas grandes guerras mundias, com a gripe espanhola e inclusive com a guerra fria.

Crises passadas possuem o poder de trazer à humanidade novos conhecimentos e práticas para se evitar ou superar novas crises com mais eficácia e agilidade, reduzindo assim os efeitos danosos que poderiam se apresentar caso esses mesmos conhecimentos não tivessem sido adquiridos.

Se tratando do novo Coronavírus ou COVID-19, o Brasil está mais preparado sanitária e tecnologicamente agora por conta da crise com o H1N1 e com o vírus Zika, que demandou anos atrás aumentar a tecnologia instalada no país para estudos genéticos de vírus e a resposta sanitária dos órgãos públicos. Em países ou localidades como Tawian, Coreia do Sul, Singapura e Hong Kong, a experiência com síndromes respiratórias bem mais graves que o atual COVID-19 como a SARS e o MERS, geraram uma resposta rápida e uma contenção bem extrema de contaminados e possíveis contaminados, o que se refletiu em baixa taxa de infecção e um controle real da expansão do vírus.

Experiências de crise como essa também tem o poder de testar coisas que a maioria já afirma ser extremamente negativas para a humanidade há muito tempo, como por exemplo a rede de fakes que se formam na internet, a onda de irrealismo que conquista um público cada vez maior e fiel e a dependência da economia pelo petróleo e pelo consumo exagerado.

Atualmente apoiadores de Trump e Bolsonaro, e os próprios presidentes, vez ou outra divulgam mensagens, twites e sinais de que a atual pandemia de COVID-19 não é tão grave como a tal "grande mídia" faz parecer ser, com Bolsonaro, pasmem, furando sua própria quarentena com diversas pessoas próximas dele testanto positivo para a doença e inclusive comprimentando e postando em suas mídias sociais videos e imagens da última manifestação de seus apoiadores organizados no dia 15 de março, que reuniu centenas de pessoas em várias das grandes cidades brasileiras, mesmo com o alerta da OMS e do próprio ministro da saúde do governo para que as pessoas evitem sair de suas casas, estando ou não com sintomas. Um absurdo total e um show de irresponsabilidade e insensatez de todos os envolvidos, para dizer o mínimo.

Muitos internautas, entre eles pessoas com certa influência e até mesmo diplomas, descrevem que o virus está sendo usado pelo establishment para gerar pânico e controlar de alguma forma as massas, talvez agora até mesmo o virus, potencialmente mortal, seja comunista... É parte do tal do irrealismo que domina a sociedade e faz pessoas se amarrarem a foguetes construídos em casa para ir pro espaço provar que a Terra é plana, caírem de uma altura de 1km e morrerem... Sim aconteceu de verdade. Clique aqui para ver a notícia. Podemos também apontar as pessoas que causam a morte de bebês e crianças e o reaparecimento de doenças graves como o sarampo por recusarem levar seus filhos para vacinação.

A atual COVID-19 possuirá em breve um poder transformador na sociedade muito mais poderoso do que os seus fortes sintomas que podem levar à temida síndrome respiratória severa que mata a grande maioria daqueles que não recebem suporte hospitalar, vai causar uma onda de realismo, e demonstrar que para a dura realidade de uma crise real não existe ideologia política que desbanque a ciência e o racionalismo. Infelizmente muitas mortes, inclusive dos parentes da atual "gente de bem" será o estopim para que as pessoas acordem para a realidade.

Outras crises humanitárias, sociais e globais, como a fome, a desigualdade social e o aquecimento global são problemas que as vezes parecem distantes ao ponto de gerar pouco apelo ou mesmo negação da classe média, mesmo com as claras comprovações e teses científicas sobre as ações necessárias a serem tomadas,  e no fim é ela, a classe média, quem acaba elegendo os políticos e pautando os principais assuntos em discussão na sociedade, mas essa mesma classe média está para ser sacudidade com uma pandemia.

A melhor esperança que temos é que no futuro a história deste passado nos seja gentil a ponto de mostrar que a atual crise foi superada e foi benéfica para trazer às populações em diversos países um avanço em relação ao combate ao irrealismo e à esquizofrenia social, que hoje, domina a nossa classe média.



Referências

-https://www.bbc.com/portuguese/ciencia/030609_extincaoir.shtml

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