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Não existe racismo no Brasil


O que é Racismo? Eis a discussão que continua em voga em meio a epidemia por Covid-19. A questão do racismo, ignorada, revisada ou aumentada em nossa sociedade, continua a ser um fator que atravéz dos séculos ainda faz desigualdade e vítimas, aliás sem se valer do vitimismo podemos ver os números de que nos EUA as maiores vítimas são os negros que também são os mais pobres. A maior parte das pessoas que morrem por COVID nos EUA são negras ou pardas, pessoas que por serem mais pobres acabam recorrendo na última hora aos caros serviços hospitalares dos EUA, e sendo vítimas fatais da SARS - a Sindrome Respiratória Aguda Grave provocada pela COVID-19.

No Brasil os efeitos nefastos da desigualdade social provocadas pelo legado escravocrata também fazem parte da realidade, como bem sabemos a maioria dos pobres são pardos e negros, e os pobres são aqueles que são atualmente os mais vitimados pela doença, morrendo nas filas de hospitais e sendo notificados com COVID-19 quando na realidade sofriam de outras enfermidades, tendo seus corpos inclusive sendo perdidos nos necrotérios. Então a discussão sobre o Rascismo, passado ou atual, contra os negros e os efeitos nefastos da escravidão na desigualdade social atual nunca estiveram tão presentes.

Mas vale pontuar algo muito importante: a questão dos efeitos da escravidão passada na desigualdade social atual são inquestionáveis, no entanto, não significa que por isso o racismo deva ser extrapolado aos confins do espaço sideral. Nem tudo obviamente é racismo. E o racismo e discriminação podem ocorrer entre ou contra todas as culturas que formam a nossa nação. Por aqui, longe de termos apenas a cultura Afro que agregue fatores étnicos, religiosos e de estilo e costumes muito próprios e distintos, temos também outras como a Judaica, a Cigana,  Muçulmana, Indígena (E na indígena várias culturas, etnias e idiomas)...

O Brasil portanto não é cristão, o Brasil é uma miscelânia de culturas e religiões e etnias que devem ser respeitadas, e isso principalmente pelas autoridades instituidas.

Mas e ai vem a pergunta, o que o Governo brasileiro estaria fazendo para incentivar a compreensão e a paz entre as diferentes etnias e religiões e culturas inseridas no Brasil, ao mesmo tempo em que deve dar atenção para as desigualdades sociais que podem causar mais mortes por COVID-19? Bom, o governo atual sofre de um mal terrível, o mal de confundir uma única nação, a brasileira, com uma única cultura e uma única etnia, embora se lembre daquelas que formaram sua retórica a chegada ao poder, como a judaica, parecem se esquecer ou até mesmo menosprezar e agredir as demais.

Fato é que desde a eleição de um presidente que se afirma como de direita, cristão e conservador, as políticas e ações tomadas tem ido contra até mesmo os ideais cristãos defendidos atualmente.

Vemos por exemplo o caso de pessoas com discurso extravagante e radical como Sérgio Camargo, que foi colocado pelo Governo a frente da conhecida Fundação Palmares.

A Fundação Palmares foi instituida no Brasil visando o combate ao racismo praticado contra a Cultura Afro, e recentemente no Twitter o seu presidente, Sérgio Camargo, que reiteradamente faz declarações e emite comentários no mínimo infelizes extrapolou o limite do aceitável com o post abaixo:



Pode-se averiguar que por meio do compartilhamento de texto de autoria de Olavo de Carvalho que Camargo agride de forma pública e grosseira traços da cultura afro e por conseguinte da cultura brasileira, tratando como desprezíveis o funk, o samba, e as religiões de matriz africana, esta última tratada de forma desrepeitosa e inadequada como "macumba", um termo preconceituoso comumente utilizado para referir-se a religiões de matriz africana no Brasil.

Não satisfeito em compartilhar mensagem de conteúdo com evidente conotação racista e de vilipêndio à religião de matriz afro, Sérgio Camargo continua em seu post associando estas expressões a esquerda, que segundo ele seriam: "baixos padrões morais, intelectuais e estéticos". Utilizando-se assim de seu posto e autoridade em frente à uma Fundação criada para combater o racismo e preservar a cultura de origem Afro para reproduzir conteúdo com conotação racista e que afronta diretamente uma religião e uma estética praticada por milhares de brasileiros. Twitter esse denunciado ao MPF por esse Blog. Isso tudo em meio a uma crise sanitária que tende a afetar principalmente os negros e pardos. É o típico racismo de entrelinhas e o cúmulo do desvio de função.

De outro lado temos o ministro da educação Abraham Weintraub que disse odiar as expressões "povos indígenas" e "povos ciganos" no video da reunião ministerial que veio a público recentemente.

Agora observemos as contradições, Abraham Weintraub é judeu, pertencente à um povo que comumente costuma ter dupla cidadania e que após muitas diásporas se espalharam pelo mundo, no entanto, mantendo muitas vezes seus costumes, cultura e religião próprias. O mesmo vale para Sérgio Camargo, que é negro, portanto descendente de populações escravizadas no Brasil.

O atual Governo tem-se mostrado incapaz de propor uma união nacional e uma pacificação das diferenças, mesmo em momentos que exigem tal integração para o combate à maior crise sanitária já enfrentada pelo Brasil há muitos anos, inclusive com suas figuras de autoridade cometendo crimes e deslizes em declarações públicas ou privadas. Mostra um sinal claro de que a união nacional não é interesse do atual governo, pelo contrário, tem usado a polarização e politizado tudo oque é possível num projeto de poder, mesmo ao custo de vidas.

É o racismo das entrelinhas que fica cada vez mais escancarado, mesmo em tempos de COVID e pervertem os princípios democráticos, republicanos e de igualdade.




Comentários

  1. Esse artigo foi escrito dias antes dos protestos dos EUA após Policiais assassinarem um homem negro sem a mínima necessidade. Realmente a gente vê que a questão do Racismo está longe de ser superada.

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