O Femen, grupo feminista internacional, mais uma vez dá uma mostra daquilo que virou moda na nossa sociedade atual, que é acreditar que o protesto que choca vai ser mais efetivo do que a atuação política e o esclarecimento social.
Em mais um novo ataque ocorrido na noite de Natal uma ativista nua invadiu um presépio no Vaticano e tentou roubar uma estátua do menino Jesus, tudo isso enquanto o Papa Francisco admoestava os fiéis sobre a violência contra crianças. Dias antes, outra feminista bem dotada de seios, mas desprovida de retórica, tirou a camisa na Praça de São Pedro para protestar contra a proibição do aborto.
O efeito repulsivo dos atos só se somam à outros tantos que ao invés de procurar soluções na discussão e troca de ideias equilibrada passa para a violência e o exibicionismo.
Mas que fique claro que declarações e atos desrespeitosos e polêmicos são atributos de quem quer chamar atenção e não de quem quer transformar para melhor uma sociedade, e por isso não posso deixar de falar o quanto é contraditório para mim que políticos e jornalistas aqui do Brasil que falam absurdos contra classes sociais, perpetuam preconceitos e discursos de ódio antigos, e tenham a tortura e a justiça com as próprias mãos como algo aceitável, critiquem a atitude dessas feministas. Deviam primeiro fazer uma auto-crítica.
Mas voltemos a falar do feminismo, não desse feminismo que louva o Femen, mas do verdadeiro feminismo.
O verdadeiro feminismo está exatamente na luta contra os pensamentos que fizeram da mulher um objeto do homem e obrigatoriamente destinada ao cuidado das crianças e ao cuidado do lar. Do feminismo surgiu o direito ao sufrágio das mulheres em diversas nações, por meio dele a mulher hoje tem um espaço de atuação muito mais amplo na sociedade. Mas o Brasil, fundamentalista e machista, que precisa de verdadeiras feministas para protestar contra a violência doméstica e o assassinato diário de mulheres, vê o âmago do feminismo sendo manchado por atos, que no meu ponto de vista, são violentos também.
A ridiculisse desses grupos feministas que ofendem a origem e a prática do verdadeiro feminismo leva as pessoas a colocarem tudo num barco só, e fazem ideias da ala mais conservadora se fortalecerem, como se o feminismo fosse uma coisa ruim, ou como se o aborto, um dos principais assuntos feministas, não fosse um caso de calamidade pública que devesse ser discutido com critério científico e não religioso impositivo.
Graças a Deus o mundo ainda nos brinda com exemplos do feminismo genuíno e solidário, como de feministas na Índia que lutam contra os casos de estupro, ou as sauditas presas por protestarem contra a imposição religiosa que as impede de dirigir veículos, imposições religiosas sempre elas.
@GestSouza
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